Futebol Formação - Futebol Inteligente

Para quem acredita que jogar bem é jogar com a cabeça

2006-04-30

Vitória moral

É comum no mundo do futebol recorrer a este tipo de expressões, normalmente quando o jogo não corre mal, mas não se consegue atingir o objectivo programado.

Hoje, pelo contrário, uso este título pois estamos a chegar ao final da época cada vez mais crentes no nosso modelo de formação. Por isso, aquilo que retiro do nosso jogo de hoje, mais do que a vitória desportiva, é a vitória de toda uma filosofia de trabalho que está assente desde o primeiro dia – ensinar os nossos atletas a jogar futebol.

E hoje foi o jogo em que mais se notou a diferença desse trabalho. Contra uma equipa que joga no erro do adversário e na base do pontapé para a frente, mostrámos atributos e qualidades muito interessantes, que reflectem todo o trabalho desenvolvido ao longo da época.

Conseguimos pela primeira vez (que eu me lembre) este ano, marcar um golo em que a jogada se inicia com um pontapé de baliza. Curiosamente, os mesmos pontapés de baliza que no início do ano nos fizeram sofrer tantos golos...

Por isso repito, hoje foi a maior vitória moral desta época! Mais do que a vitória desportiva, hoje foi a vitória da formação frente à vontade de ganhar jogos.

Penso que estamos no caminho certo


Hugo Alexandre Folgado

2006-04-29

Concepções de um modelo de formação II

Num dos posts anteriores tentei lançar o debate ao questionar de que forma podemos tornar os nossos jogadores mais inteligentes. Apesar do número de visitantes ter aumentado bastante (facto que não é alheio à colocação de alguns links deste blog em páginas web e blogs amigos, aos quais aproveito desde já para agradecer), a reacção foi nula. Assim, aproveito a noite de hoje para tentar colocar algumas das minhas ideias pessoais (as actuais, devo dizer, porque não sou fundamentalista e acredito que o conhecimento é permanentemente actualizável) aqui no blog, e tentar que seja mesmo desta que iniciemos o tão necessário debate.
É aceite por todos que a formação de jovens atletas assume um papel cada vez mais importante dentro daquilo que é o vasto mundo do futebol. De entre os vários benefícios que podemos retirar de uma formação forte, devemos referir sem dúvida alguma, os aspectos económicos e desportivos que lhe estão inerentes. Um clube que forme jogadores em qualidade vai ter, certamente, lucros económicos com a cedência de passes de jogadores a clubes de maiores dimensões, bem como apresentar, a médio/longo prazo, um nível médio de jogadores formados na casa a entrar na equipa principal bastante interessante e tendencialmente superior, contribuindo assim para uma melhoria de resultados desportivos. Vide o pragmático caso Sporting com a Academia de Alcochete.

Ainda assim, por muitas e boas condições que estejam disponíveis para o futebol formação, é necessário algo que aproveite e faça bom uso das mesmas – Um Programa de Formação. Como é lógico, um programa deste tipo deverá contemplar diversas áreas, balizar o trabalho e estar adaptado àquilo que é a realidade do clube a que se destina. Será, portanto um documento complexo, e sobre o qual não me quero alongar muito. Quero sim reflectir sobre um dos pontos que para mim é fundamental nesse mesmo programa e que se prende com a operacionalização daquilo que é a aprendizagem do futebol.

Chegamos então ao nome do nosso blog – Futebol Inteligente. E porque? Porque acreditamos que a melhor maneira de evoluir o nosso nível de jogo é através de jogadores cada vez mais inteligentes. E que inteligência? A inteligência de jogo. Saber o que fazer, quando fazer, como fazer e porque fazer!
Actualmente, devido ao livro do Prof. José Mourinho, muito se fala na Supra dimensão Táctica do Jogo. Aquilo que pretendemos com este tipo formação não é mais do que dotar os nossos atletas de respostas para os problemas tácticos que vão surgir no contexto de jogo.


Tentando passar para a prática aquilo que é esta teoria de um futebol com cabeça, vou apenas tentar mostrar como penso os meus exercícios de treino. Normalmente existe sempre uma progressão lógica naquilo que é o ensino do futebol. Eu actualmente penso a minha progressão por aquilo que são os princípios fundamentais e específicos, ou culturais, se preferirem, do jogo. Então, e em função do que foi a última avaliação, normalmente feita no jogo, tanto em contexto de competição, como em contexto de treino, é detectado um problema que a minha equipa está com dificuldades de resolver. Depois de estar identificado cabe à equipa técnica apresentar esse mesmo problema, dentro de um exercício, numa forma mais simplificada, e com feedback’s muito específicos, de modo a ser de fácil compreensão o problema e a sua resolução.
E aqui é que reside o grande problema, mas que pode fazer toda a diferença entre aquilo que considero uma aprendizagem mecanizada ou uma aprendizagem aberta. É que normalmente, durante os treinos é apresentada uma solução, que os atletas repetem vezes e vezes sem conta, até a fazerem sem pensar. A curto prazo funciona, e acredito que traga resultados, mas julgo ser limitativa a longo termo. Aquilo que eu dou aos meus atletas é um problema táctico, simplificado, mas que tem, porque o futebol é dinâmico, mais do que uma solução, cabendo aos jogadores escolherem aquela que será a melhor para aquele determinado momento, dentro da situação inicial.
Este tipo de exercício de treino leva a que os jogadores tenham que estar muito mais concentrados na sua acção. E muito provavelmente nas acções dos colegas. É por isso que quase todos jogam com a cabeça 5 dedos mais alta que a maioria.

Como é lógico, a acompanhar os exercícios têm que existir feedback’s muito específicos para o problema que queremos ver ultrapassado. E uma lógica de progressividade e continuidade em todo o processo de treino.
Queremos ser mais profundos que o vulgar “baixa o tronco à frente, para a bola não subir”, e ir mais longe que séries de 20 remates à baliza, sem oposição, no final do treino. Não que esteja a considerar este um mau exercício, ou um mau feedback, mas porque não concorre para aquilo que é a nossa (e espero que o Gonçalo não leve a mal que eu fale no plural) concepção da formação no futebol.

Não me quero alongar mais, até porque o texto já está demasiado extenso para uma fácil leitura, e só espero ter sido o suficientemente claro sobre o porquê de “Futebol Inteligente” e ter contribuído de alguma forma para lançar o debate dentro deste espaço. Porque acima de tudo, é para isso que ele existe.


Hugo Alexandre Folgado

2006-04-23

Transições A-D - razões de aplicação

Olá a todos,
Aqui apareço, neste dia, em que o jogo que tive não me correu nada bem. Perdemos, e perdemos por muitos. Contudo, após uma reflexão sobre o jogo, verifico que havia a possibilidade de isso mesmo acontecer.
Anteriormente, falei que tinha começado a abordar transições A-D. Continuo, com essa abordagem, e é para continuar, pois os miúdos têm que compreender qual é a atitude a ter quando se passa do ataque para a defesa, bem como tarefas desta sub-fase.
Pelas minhas palavras, extrai-se que a maioria dos golos que sofri foram por contra-ataques adversários ou seja, Transições A-D impróprias. No entanto, em ataque posicional, a equipa desenvolve-se bem, procurando abrir espaços, variarando o centro de jogo, com movimentações de apoio, ou seja, um jogo mais elaborado. Este tipo de ataque está a começar a dar frutos, e ainda terá de dar mais, sendo mais desenvolvido. É preciso que joguemos sempre com apoios e rupturas, movimentando a bola até ao espaço livre, possibilitando ao jogador que aí se encontra a possibilidade de 1x1, ou mesmo 1x0. Todavia, para que os contra-ataques adversários não tenham resultados, as coberturas ofensivas têm de estar afinadas para impedir a progressão e rapidamente ganhar a bola.
Sei que tenho em mãos miúdos de 9 e 10 anos, que estão a dar os primeiros passos no futebol, mas o objectivo é estimulá-los para a aprendizagem do jogo. As tarefas são árduas, e pese o resultado deste jogo não ter sido satisfatório, terei de continuar a aplicá-las, com afinco e clareza, pois sei que a LONGO PRAZO mostraremos resultados.
Cordialmente,

GRG

2006-04-20

Nós vamos lá



Podem consultar aqui o programa.

2006-04-12

Transição A-D

Olá a todos,

A pedido do meu colega Domingos vou escrever umas palavrinhas. Não é necessário que me motivem, a motivação já existe.
Comecei a colocar transições Ataque-Defesa nos exercícios. Quer dizer, em alguns já estava integrada esta sub-fase, todavia, achei que seria a hora de passar aos meus jogadores esta mensagem. Eles ainda não sabem que o estão a fazer. Este é o meu primeiro objectivo - verificar quais as fazem.
Fiquei pasmado com a competitividade de alguns, perante o exercício. O desempenho foi aceitável. A título de curiosidade digo-lhes que o exercício nunca foi jogado ao pé, mas também não era este o objectivo do mesmo. A Transição A-D está transmitida, falta a assimilação de todos e a consolidação. Mas não há pressas. Sei que daqui a 1 mês já estamos muito melhor neste capítulo.
Nessa altura estarei cá para confirmar.

Cordialmente,

Gonçalo Ramos Garcia

2006-04-11

Torneio

Bom exemplo para um torneio de Futebol Formação

Concepções de um modelo de formação


Seguindo o exemplo do Gonçalo, vou iniciar aquilo que será a apresentação das ideologias sobre as nossas concepções de formação no futebol. Desde já um aviso à navegação: Queremos lançar o debate! Queremos que ideias e conceitos sejam discutidos e que o conhecimento evolua! Porque também queremos evoluir!

Inicio a minha participação com algumas ideias acerca daquilo que eu penso que deve ser a formação do jovem futebolista, baseando-me nalgumas expressões usadas pelo Gonçalo no texto anterior.

Assim, sobre fases e sub-fases de jogo, devo dizer que considero a aprendizagem desta alternância como um dos primeiros grandes passos a transmitir a um jogador e a uma equipa. Antes de saber o que fazer quando ataca ou quando defende, o atleta deve saber quando ataca e quando defende! Parece-me lógico.
Mais, deve ainda ter uma rápida percepção de mudança de fase de jogo, correspondente a uma mudança de atitude, essa mesma atitude de que o Gonçalo fala e que a equipa dele já interiorizou.
Mas como ele refere, tudo isto não aparece do nada. O tempo pode solucionar estes problemas, mas normalmente com erros que dificilmente se corrigem mais tarde. Apenas um treino planeado, sistematizado e acima de tudo, pensado, vai concorrer para que esta aprendizagem seja sólida e para que possamos elevar o nível das nossas equipas. A tal operacionalização de que o Gonçalo fala. E bem.

Para terminar, uma deixa para os próximos textos. O nome do nosso blog é “Futebol Inteligente”. A pergunta que faço a todos é a seguinte:

- De que forma podemos melhorar a inteligência dos nossos jogadores e de que maneira essa inteligência vai influenciar o nosso nível de jogo?

Para o próximo post prometo tentar mostrar a minha opinião.

Sub-fases de jogo

É com todo o gosto que vou abrir as hostilidades deste blog. Hostilidades?! Para alguns serão.
Trataremos de assuntos que prometem ser polémicos evidenciando o nosso ponto de vista.
A convite do meu colega Hugo vou falar das Transições da minha equipa, mais propriamente a Defesa-Ataque. Mas calma, não me peçam muito, já que estamos a falar de miúdos de 9 e 10 anos. Será para rir?! Quer dizer, eles riem-se quando marcam golos e ganham jogos. Eu sorrio porque eles estão melhores. Mas para lá chegar tive que lhes dar exercícios e tarefas que me permitam fazer esta transição mais rápida que os adversários. Portanto, chego a um dos pontos que mais gosto - Operacionalizar. Se entro por esta porta encontrarei o modelo de jogo da minha equipa. É assim que penso, é assim que operacionalizo. Contudo, o tema para hoje são as transições D-A.
O meu amigo Hugo pediu-me para falar nelas porque estão a dar resultado. E é verdade, marcamos golos nesta fase e criamos muitas oportunidades. No entanto, creio que é a pressão que os miúdos fazem que lhes permite roubar a bola e ter superioridade. Contudo, já têm atitude, e também aqui se mostram superiores. Como lá chegaram? Treinando, fazendo os exercícios que lhes proponho, com as tarefas que exijo. Creio que é aqui que está a chave desta boa aprendizagem. Os exercícios têm um objectivo e as tarefas também. Nos treinos, nem sempre tudo corre bem, mas sei que eles se empenham. O resultado é que com uma equipa de baixotes e de miúdos mais novos que os adversários "tamos lá em cima". Não é que os resultados sejam o principal. O mais importante é treinar de acordo com a nossa identidade, procurando melhorar dia após dia o nível de jogo que temos, o que se reflecte na nossa organização.
Creio que o primeiro tema a abordar deveria ter sido outro, contudo fui incapaz de recusar este convite.
Mais haveria a falar, mas já é tarde e amanhã há que pensar nos treinos.

Abraço

Gonçalo Ramos Garcia
GRG