Do "O quê?" ao "Como?"
Meus caros,
Escrevo-lhes nesta pequena folga, pois não sei se este mês teria outra hipótese, que não esta.
O tema que escolhi causa-me grandes interrogações. É o que relaciona a teoria com a prática, ou seja, aqui não há espaço para intelectuais.
O “O quê?” leva-me para as teorias do treino: a diferenciação de factores, que hoje tanto é criticada pelo defensores da periodização táctica, as cargas de treino, os princípios do treino, as capacidades motoras e condicionais, as fases sensíveis do desenvolvimento do Ser, a periodização táctica e outro tipo de periodização. Com tudo isto temos conversa para horas. Hoje, vou-me desviar e centrar na organização da equipa no papel (o quê?), para aplicar essa organização no terreno (O como?).
Creio que devemos basear todo o nosso processo de treino na organização da equipa. No entanto, a organização da equipa deve estar estabelecida, deve obedecer a regras, ou como é sobejamente conhecido, ter princípios gerais, específicos e sub-específicos. Portanto, tenho que saber, exactamente, o que quero para a minha equipa. Chegado aqui, após ter definidos os princípios gerais específicos e sub-específicos para as diferentes fase de jogo (ataque, defesa, transição D-A e transição A-D) e para esquemas tácticos, tenho que operacionalizar. Aqui, a meu ver, existem diferenças entre os treinadores. Quer dizer, alguns nem sequer sabem o que é que querem para a equipa. Os que sabem têm de por em prática o que definiram no papel. É aqui que alguns “brilham” pois o que aplicam nos treinos está relacionado com o modelo teórico. Se o modelo proposto tem uma determinada filosofia, então, os exercícios que são postos em prática têm que a seguir e, se assim não for não existe identidade. A identidade tem que ser seguida e se queremos que a equipa jogue duma forma então vamos treinar com exercícios que potenciem esta forma de jogar. A exemplo disto refiro uma frase dum amigo meu (adepto) que me disse após a sua equipa ter perdido:
- “ Como estávamos a ganhar, devíamos ter defendido atrás na 2ª parte”, ao que eu respondi:
- “Será que é assim que treinam? É esta a vossa identidade?”.
Pois bem, a meu ver esta questão reflecte qual a organização e identidade que o treinador dá à sua equipa pois uma equipa que está habituada a jogar em contra ataque, não pode, dum instante para o outro (salvo raras excepções) passar a jogar em ataque posicional e, o invés também acontece. Já me estou a desviar um bocado do tema pois as ideias vão-me surgindo e eu vou teclando e, vá me estou a alongar. Assim, deixo aqui a ideia do treinar em especificidade, treinar de acordo com o modelo de jogo, potenciando este mesmo modelo.
Mais há que falar sobre este tema, mas fica para a próxima.
Cordialmente,
GRG