Futebol Formação - Futebol Inteligente

Para quem acredita que jogar bem é jogar com a cabeça

2006-06-30

Argumentum II

Sr. Scolari


Antes de terminar o prazo mensal escrevo este post dedicado ao Mundial.
Quando da estadia da selecção em Évora tive possibilidade de ver todos os treinos do Sr. Scolari. Mais que ver, tive a oportunidade de estar no campo e acompanhar bem perto a equipa.
Logo nos primeiros treinos teci umas considerações sobre os métodos de treino da equipa técnica do Sr. Scolari dizendo “não sei como é que ainda há pessoas que acreditam nisto”. Ora, estava a referir-me às corridas para adquirir a conhecida “forma física”, portanto uma pré-época bastante reduzida pois a época duraria no máximo 1 mês – Mundial. Mas não me fiquei pelas corridas, falei também dos exercícios de agilidade e velocidade de reacção que foram propostos aos jogadores e dos “meinhos” que podem ser um grande tema de conversa pois, no meu entender quando estavam a ser feitos havia a preocupação da recuperação em especificidade, i.e., a posse de bola. Mas, quando teci estas considerações um colega meu de curso disse-me: “tas maluco, este gajo é campeão do mundo” ao que eu lhe respondi: “ se calhar todos os treinadores desse mundial trabalhavam como ele e, se assim é, a diferença aparece noutras dimensões”. É sobretudo destas dimensões que vou falar. Não concordando com a metodologia do Sr. Scolari, o que não quer dizer que não concorde com alguns dos seus exercícios, tiro-lhe o chapéu pelo trabalho de equipa que faz. Creio mesmo que o famoso livro “Team Building” do Sr. Rinus Michels poderia ter um segundo volume a ser editado pelo nosso Seleccionador. Para mim, aqui reside a diferença entre ele e outros. Ele é líder e todos giram à volta dele. O discurso exterior a favor do grupo faz com que os seus jogadores dêem 100% no campo, havendo alguns que chegam a se transcender. Todos beberam a água da fonte do Sr. Scolari e, acredito que ele lhes vai matar a sede até ao final do Campeonato.

Força Portugal.

Cordialmente GRG

2006-06-19

Da qualidade ao sucesso

In A bola 2006-6-19

Em resposta a uma questão que o jornalista lhe faz, Rui Faria diz:

O trabalho é tanto melhor quantos mais títulos se conseguir. Agora a estruturação chama-se organização e o bom trabalho não se consegue sem isso. Definir objectivos a atingir e trabalhar em função dos mesmos tendo a capacidade e a perspicácia para reestruturar este processo à medida que nele se evolui é fundamental. Julgo que, para além de outras razões, a qualidade com que se trabalha os detalhes faz a diferença na diminuição da imprevisibilidade do processo.

Pois bem, está confirmado o que disse no post "Estados de alma!". A organização é a base do bom trabalho, a definição de objectivos é prioritária, no entanto, não podemos ficar por aqui pois há necessidade de reestruturar. Quanto aos detalhes creio serem importantes, sobretudo num patamar superior de rendimento.

P.S. - Espero que acreditem nestas ideias do braço direito do Special One

Cumprimentos

GRG

2006-06-12

Pérolas

In A Bola 12-06-2006 pág. 48 - Manuel Cajuda, Técnico do Zamalek

"Se recebi algum convite de Portugal? Não! Sabe, não uso uma gravata bonita, nem tirei o curso superior do ISEF. Só apresento resultados e bons trabalhos. Infelizmente, são atributos insuficientes para vingar no nosso país. Em Portugal, as grandes vedetas da ciência do treino ocupam todos os lugares. Os resultados são poucos!"

Comentem por mim, por favor...

2006-06-10

Estados de alma!!

A euforia patente em Évora, durante o estágio da Selecção Nacional de Futebol mostrou, segundo alguns, que os Eborenses têm gosto e potencial para o futebol. Pois bem, na minha opinião o estágio da Selecção Nacional de Futebol (SNF) trouxe visibilidade à cidade e, a diversos órgãos, instituições e pessoas. Contudo, não acrescentou nada de novo ao futebol eborense. No meu entender, as instalações que estão agora presentes num conhecido clube eborense de nada servem caso não hajam ideias para andar para a frente. Muitos dizem – “agora há condições”. Quem o diz está profundamente errado. As condições que haviam anteriormente são quase as actuais. Bem sei a evolução que um ou dois relvados provocam nos miúdos mas, do que estou a falar é de estruturação.
Dei este exemplo de condições materiais mas posso falar de outros mais e, não pensem que estou a dirigir a minha atenção sobre uma instituição em especial. Estou sim, a dirigir a minha atenção para a evolução do futebol eborense, ou melhor, para a não evolução do futebol eborense. Aos que acham que o futebol eborense está a evoluir faço-lhes as seguintes perguntas:
- Onde está o projecto de evolução do futebol de formação a nível distrital?
- Onde estão modelos de jogo do futebol profissional?
- Onde estão modelos de jogo do futebol de formação, tanto futebol de 11 como futebol de 7? E tudo o que neles poderá estar abarcado como as componentes:
- Táctico-técnica
- Física
- Psicológica
- Avaliação por escalões
- Definição de processos avaliativos
- Quem avalia e como avalia
- Exercícios propostos
- Relações com pais
- Relações com escola
- Etc, etc, etc…..
- Onde está feita a progressão na carreira do treinador? Ou acham que é o único Ser que não gosta de progredir na carreira?
- Onde está a identidade do clube?
- Onde está a identidade do modelo de jogo?
- Onde estão protocolos com outras instituições que tragam mais miúdos ao futebol?
- E muito, muito mais……
Portanto, no meu entender é muito simples – ONDE ESTÃO DEFINIDOS OBJECTIVOS? QUEM OS DEFINE E APLICA? e o mais fundamental, COMO SÃO APLICADOS?
Por tudo isto vejo o futebol eborense na mesma, com pessoas agarradas aos cargos, vá-se lá saber porquê?! e sem categoria para liderar equipas, tanto de jovens por todas as fases de desenvolvimento que a criança terá que sofrer, já que há muitas que sofrem atrocidades, bem como de adultos.
No entanto, a quem decide é permitido errar, como a todos os Humanos. Pese embora, quem erra, após tentos anos de erros, deveria ter a Decência de se afastar.
A quem cabe decidir, que decida. Todavia, eu avisei.

Muitas destas questões poderiam ser bem mais extensivas mas, estou sempre aberto a esclarecimentos.
Cordialmente,
GRG

2006-06-09

Partilha de Referências

Com a chegada aos 600 visitantes lembrei-me de uma coisa – Ainda não temos assim tantos links para sites relacionados com o tema deste blog quanto isso.

Assim lanço aqui um desafio para todos – Enviem-nos endereços que achem interessantes (sendo vossos ou não) para serem colocados na secção de links do blog.

Ficamos à espera

Estigma do Treinador de Formação

Desculpem desde já o post de hoje fugir um pouco aquilo que tem sido regra, mas para além de tudo o que são metodologias de treino, processos didácticos ou estratégias psicológicas ligadas directamente ao nosso processo de treino, há sempre um outro mundo em torno do Futebol, que, quer queiramos quer não, faz parte do mesmo e com o qual somos obrigados a lidar.

Por isso, julgo que também é importante debater algumas questões relacionadas com aquilo que é a gestão da nossa carreira enquanto técnicos de uma equipa, e até o tipo de relação que temos com os órgãos directivos do clube em que trabalhamos.

Assim, lanço desde já um problema que eu sinto, não em termos pessoais, mas sim de um modo mais geral na nossa classe – Porque é que os treinadores de formação académica são, normalmente, vistos como treinadores de miúdos e têm mais dificuldade em dar o salto para outros escalões que não o futebol de 7?

Ponho esta questão para saber qual a opinião de todos aqueles que consultam o site, até para realmente verificar se a minha opinião está correcta, ou se até estou enganado.

O que sinto, em termos de futebol formação, é que tradicionalmente (e sublinho o tradicionalmente para não ferir susceptibilidades) os treinadores dos escalões mais velhos, são indivíduos com um fraco conhecimento de tudo aquilo que diz respeito ao treino, que não revelam grande preocupação na formação dos jogadores que têm, sendo a sua ligação ao clube estabelecida na base do “ex-jogador” com muitos anos de “casa”.

Por isto, sou forçado a levantar mais uma questão – Será que os nossos dirigentes pensam na formação apenas até aos infantis? Ou será que as únicas preocupações no futebol de 11 se prendem com a vitória, sendo nesta medida mais benéfico colocar um treinador frustrado por nunca conseguir chegar aos seniores, ao invés de um jovem em início de carreira, mas com uma bagagem suficiente para evoluir o nível de jogo da equipa?

Uma correcção. Não pensem que apenas acredito no valor daqueles que têm formação académica. Não acredito em verdades absolutas, nem sou fundamentalista. Já tive oportunidade de ver grandes treinadores que não têm uma base de formação académica, assim como conheço alguns casos de treinadores que, apesar de todos os cursos que tiraram, nunca passam da cepa torta. Existe qualidade nos dois lados e todos temos a aprender uns com os outros.

O maior problema que sinto é que em muitos casos, técnicos com ambição e capacidade para evoluir são preteridos, para dar lugar a pessoas com menor qualidade para o cargo. Deixo assim a minha última questão – Até que ponto podemos estar a perder qualidade no nosso nível de jogo e de jogador, por falta de uma base sólida nos técnicos que lideram o processo de formação? E de quem é a culpa, se é que existe?

2006-06-07

Colóquio Temático - Formação de Jovens Futebolistas

É em Évora e julgo que terá muita qualidade. Não deixem passar esta oportunidade.

Atenção que, apesar da entrada ser gratuita, é necessário inscrição.





2006-06-06

Sistema Táctico para a Formação

No seguimento dos posts do Gonçalo, vou tentar mostrar qual a minha opinião sobre as questões aqui lançadas.

Assim, e ao contrário do Gonçalo, não defendo um sistema de jogo em especial para a formação. Julgo que aquilo que deve ser a base do nosso trabalho não pode ser o sistema, e que, apesar de saber que mesmo levantando a questão, o Gonçalo não reduz a formação ao sistema de jogo, pensar neste como aquilo que é mais importante para a formação é estar a reduzir demasiado todo o processo.

Aquilo em que eu acredito para a formação, é algo que deve estar acima de qualquer sistema táctico, e se quiserem, até acima de qualquer modelo de jogo. É algo que deverá contemplar todas estas dimensões numa esfera superior, levando a um objectivo comum, sem condicionar demasiado a variedade de experiências que um jogador em processo de formação deverá vivenciar.

Podemos chamar a esta dimensão aquilo que é o Modelo de Formação. Este deverá contemplar aquilo que são as etapas de formação, apontando desde logo qual a progressividade de todo o processo, em torno de um objectivo final perfeitamente identificado. Assim, ao invés de condicionar os objectivos de formação a cada um dos escalões, estamos a definir etapas e a realizar um trabalho com uma lógica interna progressiva.

Aceito que ao estarmos a definir todo o processo em torno de um sistema e de um modelo fechado e similar para todos os escalões, estamos a aumentar a especificidade do treino para um tipo de jogo. Mas também julgo que estamos a limitar aquilo que são as experiências que um jogador deve ter durante o seu processo de formação.

Ao abrirmos este modelo para algo que é superior a um sistema, mas que, e repito, tem uma lógica de continuidade e progressividade, estamos a proporcionar - para além de uma maior liberdade de decisão do treinador sobre qual o melhor “caminho” para atingir o objectivo estabelecido pelo clube - uma muito mais rica bagagem de experiências ao jogador.

Julgo que desta forma estaremos a potenciar o desenvolvimento dos nossos atletas com base naquilo que é a aprendizagem do jogo. Mesmo com sistemas diferentes ao longo das etapas, desde que certos conteúdos se mantenham naquilo que são as referências criadas para cada uma delas.


Convicto de que esta não é uma discussão fácil, e que diversas opiniões se farão ouvir, espero que possamos debater profundamente todas elas.

Eu disponibilizo-me desde já para defender a minha – aqui no blog ou por mail


Hugo Alexandre Folgado

2006-06-04

Resposta:

Como obtivémos um único comentário decidi apimentar o debate.
Para mim, o sistema de jogo da formação de um clube deve ter como base o sistema 1:3:4:3.
Mais tarde justificarei as razões desta escolha.

Cumprimentos

GRG