Futebol Formação - Futebol Inteligente

Para quem acredita que jogar bem é jogar com a cabeça

2006-06-09

Estigma do Treinador de Formação

Desculpem desde já o post de hoje fugir um pouco aquilo que tem sido regra, mas para além de tudo o que são metodologias de treino, processos didácticos ou estratégias psicológicas ligadas directamente ao nosso processo de treino, há sempre um outro mundo em torno do Futebol, que, quer queiramos quer não, faz parte do mesmo e com o qual somos obrigados a lidar.

Por isso, julgo que também é importante debater algumas questões relacionadas com aquilo que é a gestão da nossa carreira enquanto técnicos de uma equipa, e até o tipo de relação que temos com os órgãos directivos do clube em que trabalhamos.

Assim, lanço desde já um problema que eu sinto, não em termos pessoais, mas sim de um modo mais geral na nossa classe – Porque é que os treinadores de formação académica são, normalmente, vistos como treinadores de miúdos e têm mais dificuldade em dar o salto para outros escalões que não o futebol de 7?

Ponho esta questão para saber qual a opinião de todos aqueles que consultam o site, até para realmente verificar se a minha opinião está correcta, ou se até estou enganado.

O que sinto, em termos de futebol formação, é que tradicionalmente (e sublinho o tradicionalmente para não ferir susceptibilidades) os treinadores dos escalões mais velhos, são indivíduos com um fraco conhecimento de tudo aquilo que diz respeito ao treino, que não revelam grande preocupação na formação dos jogadores que têm, sendo a sua ligação ao clube estabelecida na base do “ex-jogador” com muitos anos de “casa”.

Por isto, sou forçado a levantar mais uma questão – Será que os nossos dirigentes pensam na formação apenas até aos infantis? Ou será que as únicas preocupações no futebol de 11 se prendem com a vitória, sendo nesta medida mais benéfico colocar um treinador frustrado por nunca conseguir chegar aos seniores, ao invés de um jovem em início de carreira, mas com uma bagagem suficiente para evoluir o nível de jogo da equipa?

Uma correcção. Não pensem que apenas acredito no valor daqueles que têm formação académica. Não acredito em verdades absolutas, nem sou fundamentalista. Já tive oportunidade de ver grandes treinadores que não têm uma base de formação académica, assim como conheço alguns casos de treinadores que, apesar de todos os cursos que tiraram, nunca passam da cepa torta. Existe qualidade nos dois lados e todos temos a aprender uns com os outros.

O maior problema que sinto é que em muitos casos, técnicos com ambição e capacidade para evoluir são preteridos, para dar lugar a pessoas com menor qualidade para o cargo. Deixo assim a minha última questão – Até que ponto podemos estar a perder qualidade no nosso nível de jogo e de jogador, por falta de uma base sólida nos técnicos que lideram o processo de formação? E de quem é a culpa, se é que existe?