Futebol Formação - Futebol Inteligente

Para quem acredita que jogar bem é jogar com a cabeça

2008-03-30

Quantidade ou Qualidade....da Complexidade

Viva a todos,

Venho hoje aqui expor algumas ideias que vão contra uma parte de trabalho que já realizei.
A complexidad, seja ela qual for a sua definição leva-nos para caminhos que a mente humana quase considera inóspitos.
No futebol complexidade muitas vezes é tida em conta como o 11x11. É isto verdade? Só em número, ou seja, em quantidade. O que é que mostra que um 1x1 não é mais complexo que um 3x3? Só a quantidade. A qualidade de acções num 1x1 podem torná-lo mais complexo que um 3x3, ou um 11x11. Assim sendo, é a nossa estruturação das tarefas feita de modo adequado? Por esta análise lhes posso dizer que a minha estruturação das tarefas já foi feita de modo inadequado, ou seja, com base numa complexidade quantitativa, que é mais fácil de aplicar, pela sua forma e pelo modo como é avaliado. A outra, a complexidade qualitativa, a que realmente nos "parte a cabeça" nem sempre a apliquei. Espero a partir deste momento aplicá-la, seja em âmbito cuotidiano ou em âmbito desportivo.
Assim deixo a interrogação? Está a nossa filosofia de jogo pensada de acordo com esta complexidade qualitativa? as sessões nossas visam a melhoria desta complexidade qualitativa?

Abraço,
GRG

2008-03-17

O passado não é presente

Olá,

O tema quente destas últimas semanas no futebol português é quem sucede a Camacho? ou melhor, Quem sucede a Chalana?
Antes já teci algumas opiniões. Agora quero comentar opiniões que sairam a público e fazer o transfer para outras áreas.
Saíu num Jornal que Rui Costa, capitão do SLB, espressou a sua opinião acerca de Malesani y Zaccheroni, ambos seus ex-treinadores. Este amor, entre treinador-jogador sempre existiu e continuará a existir. Todavia, poderá considerar-se pouco raciona e, exemplifico. Os treinadores quando chegam a um clube montam a sua equipa de acordo com o seu modelo de jogo. Onde foram buscar este modelo de jogo? Ao passado. Em tempos, conseguiram com uma determinada estrutura bons resultados e esperam conseguir com essa mesma estrutura os mesmo resultados. Todavia caiem no erro que eu chamo aproximação ou arredondamento (tema de outras conversas). Assim, como tinha um trinco com umas determinadas características no seu sistema, vão querer aplicar o mesmo sistema, e procuram um trinco que veêm como igual. Quase sempre o arredondamento lhes sai caro. Esse jogador não rende, o sistema não funciona como funcionava antes e porquê? Porque nada tem de igual! O tempo passou. Ainda que seja na mesma equipa, os jogadores modificaram-se, o futebol evoluíu e na maior parte dos casos o jogador não é o mesmo, nem a equipa é a mesma. Por isso pregunto? Serão Malesani ou Zaccheroni os treinadores adequados pró SLB? É certo que conseguiram bons resultados, sendo ambos ex-treinadores de Rui Costa. Contudo, o jogo mudou, Malesani já não tem Batistuta, Rui Costa, Torricelli, Repka e muitos outros, nem Zaccheroni tem Maldini, Shevshenko e CIA. E claro, conseguiriam estas equipas tão bons resultados hoje em dia? Tudo isto me faz pensar que nada é tão linear.
Visto em detalhe o passado não é presente... é como uma demonstração matemática.

Abraço,
GRG

2008-03-12

O trabalho dos "skills" no futebol

O trabalho de "skills" motores, ou se quiserem técnica individual, é algo que sempre foi apontado como importante ser desenvolvido nos escalões de formação base. Ainda no outro dia um colega me falava do trabalho desenvolvido por Coerver e da aplicabilidade que isso terá na nossa formação.

Honestamente, e apesar de não duvidar da importância que a variabilidade de recursos tem, cada vez menos acredito nesta separação daquilo que é o trabalho da técnica individual sobre o ensino do jogo, e quem acompanha o blog facilmente compreende isso mesmo.

Sempre achei que usar tempo para algo que não estivesse relacionado com o ensino do jogo, com os princípios que o caracterizam e com a sua complexidade e dinâmica natural é perder tempo na potenciação dos nossos atletas.

Por isso nunca ensinei o "como" passar, mas o "porquê" passar. Nunca ensinei o "como" rematar, mas o "quando" rematar. E ainda hoje comentava com um colega que em 3 anos que tenho como treinador de alguns atletas, não me recordo de alguma vez ter corrigido ou dado um feedback sobre qual a parte do pé que contacta na bola no momento do passe, por exemplo.

Muitos podem achar que isto vai promover jogadores que não possuem uma técnica de remate ou passe "correcta", mas o que é facto é que não encontro diferenças significativas nestes particulares para as restantes equipas do mesmo escalão.

Serve esta introdução como base para apresentar um livro que ando a ler ultimamente - Attention and Motor Skill Learning de Gabriele Wulf (2007, Human Kinetics).

O que esta Senhora diz, e prova (apesar de eu ainda não ter lido tudo) é que uma aprendizagem de skills motores onde a atenção está focalizada em factores externos (isto é, naquilo que acontece devido à acção motora) é mais rápida e forte do que aquela baseada em factores interno (como coloco o corpo para realizar a acção motora).
Que grande quebra com o tradicional, com o que é hábito! "Então agora não ensinar os jogadores a baixar o corpo quando rematam vai fazer com que eles rematem melhor?" - Pois é, parece mesmo que é verdade.

Para quem trabalha com um paradigma de formação baseado na variabilidade não vai ter problemas de adaptação a estes novos dados. No fundo é aquilo que se faz, ao ensinar o "porquê" em vez do "como" estamos a focalizar a acção de um jogador num factor externo.

Óbvio que tudo isto terá excepções nos momentos iniciais de aprendizagem... As mesmas também são referidas nos estudos, com uma aprendizagem da técnica nova a ser mais rápida inicialmente se o foco atencional for interno. O que referem também é que apesar de mais lenta, a aprendizagem com focos atencionais externos é mais potente.

No fundo, o que eu retiro de tudo isto é que um trabalho de formação baseado no ensino do jogo, para além de criar jogadores mais inteligente e mais rápidos a decidir, vai ainda potenciar a sua aprendizagem de "skills" motores, tornando-os em jogadores com mais recursos "técnicos".

Concordam? O que vos diz a vossa experiência?

Cumprimentos

2008-03-09

Há que saber sair

Olá,

Neste dia a notícia de última hora no desportivos é a demissão de Camacho. Vou comentar e dizer o que espero, como adepto do futebol.
Camacho sai dizendo que não pode mais. Viera pode?
O Benfica que é presidido por Luis F. Vieira despediu o seu treinador mal começou o campeonato.
Seguramente que houve um erro de cálculo no planeamento da época pelo Director Desportivo pois despedimentos ao inicío são consequências de más decisões. Resumindo a história:
- quem esteve mal continuou.
- O culpado - o treinador - sai.
- Remédio: trazer outro, de preferência que alegre os adeptos.
O verdadeiro resultado está à vista. Todavia acrescentarei que Camacho deveria ter tempo para construir a sua equipa, como acontece em Inglaterra, onde tomam o assunto com seriedade.
Veja-se Mourinho se aceitou treinar a meio da época.
Assim, o trabalho de Camacho não foi respeitado - apesar de se haverem gasto milhões em jogadores comprados no Natal e esperando que funcionem num jogo onde o conhecimento socio-afectivo é importantíssimo - pois os poucos meses não servem para se construir uma equipa com futuro.
Parece-me que o treinador se sente culpado e talvez tenha parte da culpa. Quem terá outra parte será o Director Desportivo que compra e vende, sem prazos, uma verdadeira bandalheira. Continuará este senhor no cargo?
O remédio será trazer outro treinador. Cuidado se seguem os passos que seguiram com Camacho!!!

Muitos dirigentes seguem agarrados ao poder, decidindo sem base de conhecimento, sem planeamentos, sem programas. A verdade? andam a brincar com dinheiro e sentimentos de sócios e adeptos. Chamo a isto, falta de ética, rigor, carácter e irresponsabilidade entre outras...

Meus senhores, aprendam com Camacho, há que saber sair.
Infelizmente é assim,

Abraço,
GRG

2008-02-09

Trabalho de casa

Viva,

Ultimamente tenho visto muito jogos de futebol juvenil. Treinadores imensos, qualidade é reduzida, infelizmente.
Sempre a dizer qual a posição do jogador e com feedbacks negativos veêm-se pelos campos um sem fim de treinadores. Mais, irritam-se, irritam os miudos, irritam os pais e por aí fora. Isto afecta-me!!
Muitos deles continuam sem saber o porquê destes acontecimentos? O mais importante é o trabalho de casa, ou seja, o como?
É verdade que o jogador tem constantemente de se adaptar o que não significa realizar uma "variabilidade natural".
O trabalho de casa que é sim uma das funções do treinador não é feito, ou se é feito é mal pensado e mal adequado ao que realmente necessita. O trabalho de conjunto, de cooperação, coesão que leva a uma organização e que obriga o contrário a errar é difícil de operacionalizar. Todavia este é o que mais gozo dá pois vemos que realmente fazemos o que queremos e obrigamos os outros a fazer o que nós queremos.
Sem embargo, volto à adaptabilidade pois é fundamental nos momentos que não nos correm de feição. Este será o outro ponto do trabalho de casa. Mas cuidado, não a "variabilidade natural", sim a "variabilidade organizada".

Saudações,
GRG

2008-01-25

Onde estará a nossa identidade?

Viva,

Faz algum tempo que não damos notícias. Seguramente andamos ocupados.
Venho falar de um aula que tive há uns meses.
Um professor convidado foi-nos falar de análise de jogo. è alguém que tem uma extensa base de dados, apesar de jovem. Analisa minuciosamente as equipas e tem estudos publicados. Vai mesmo ao pormenor: centros, passes curtos, passes, compridos, passes ao espaço em profundidade, passe ao pé, perdas de bola, ... chega ao ponto de contar tudo isso numa jogada. Faz bem? A meu ver sim pois conhecerá seguramente melhor o jogo.
Assim sendo, disse-nos que após um centro a maior parte dos golos que acontecem são ao segundo poste. Resultado: a sua equipa treina segundo este acontecimento. Estará isto bem? Que pensam?
Eu digo que não. Não vejo que o estudo da maior probabilidade do acontecimento, feito com base numa análise dum torneio como o mundial possa ajudar a minha equipa, ainda que seja ela uma equipa de alto rendimento.
O que este senhor nos está a querer dizer é que temos de treinar de acordo com o outro, ou os outros. Esta sim é a verdade da sua palestra. Treinar assim não nos leva a perder a nossa identidade? Onde estarão as nossas características? Quais serão então os nosso pontos fortes?mesmo os fracos? mais que não seja para treina-los?
Analisamos as partes mas esqueçe-mo-nos do todo.
Creio que deixámos os temas da fisiologia, biomecânica para entrar nos do jogo. Mas entrámos mal. A meu ver com o pé esquerdo.

O tempo o dirá,
GRG

2007-12-26

Educação e Futebol

Olá a todos!!

Este post vem no seguimento do anterior. O tema tem pano para mangas.
Pelo que referi no post anterior, o treinador é um educador. Não parece haver dúvidas, nem opiniões em contra. Se não há dúvidas em relação a isto então como é que no Curso de Treinadores de Futebol - Nível I, SÓ 10h são disponibilizadas para as Ciências da Educação e do Comportamento Humano? Mais, vamos ao Nível II, e subimos às 13h. Não é para rir??? (após me conter continuo). Não estão disponíveis, pelo menos numa busca rápida, os regulamento dos outros níveis, mas espero que o aumento desta horas seja aí contemplado. Se assim for, agradeço a correcção, que é irremediável pois o tempo não volta atrás, e assim continuamos a perder jogadores.
Continuando, vou agora ao outro lado, o lado da Universidade. A Universidade e os cursos que dela fazem parte, neste caso, acontece mais com a Educação Física terá de começar a dirigir os seus alunos e profissionais para o mercado de trabalho, neste caso o futebol. Como Treinador de futebol é uma profissão que não se pode ter pelo facto de estudar educação física, então este não será um papel da Universidade. O papel da Universidade é fornecer um corpo técnico (preparador físico, readaptador físico, preparador de força, scout, gestor, fisioterapeuta e outros) que ajudem o clube e o treinador. Mais uma vez andamos a pisar terrenos alheios, coisa que gostamos.
Se gostam ou não dos nomes que lhe ponho é-me igual. A verdade é que a Universidade, em última análise, concede títulos académicos e o título de treinador de futebol é atribuído nas Federações.
Enquanto não houver uma verdadeira união, mais não fazemos do que andar a enganar as pessoas e andar a perder tempo, muito friamente digo.
Como tardaremos anos a fazê-lo desde já digo que o caminho das universidades será o de dar às pessoas a possibilidade de ser preparadores físicos, preparadores de força , readaptadores ao esforço, fisiólogos, antropometros, gestores e muitas outras profissões que caberão no futebol, se o quisermos tornar mais espectacular.
Quanto à Federação teremos de pensar porque é que o nosso Selecionador não é português, porque é que poucos treinadores portugueses têm estatuto internacional e pensar que se calhar a razões não estão só nas escolhas feitas pelos clubes, mas sim na formação que damos aos treinadores? Como a damos? Quem a dá?Em que metodologia está assente? Quais os treinadores escolhidos? e Quais os treinadores deixados de fora?
Fiacndo muito conversa de fora digo:

Há que deixar de acreditar que os estádios vão encher-se por si só. Teremos de apostar na formação e na qualidade e parece-me que este poderá ser um ponto de partida,

Abraço e boas festas,
GRG