Futebol Formação - Futebol Inteligente

Para quem acredita que jogar bem é jogar com a cabeça

2007-10-13

Quem não arrisca não petisca.

Olá a todos,

Ontem mesmo enquanto falava com um amigo me apercebi de algo que li num livro há algum tempo, sendo que, e para meu mal, não me recordo qual. Enfim, os que me conhecem sabem o que estou a dizer!!!
Falávamos deste desporto que nos apaixona e na troca de ideias via on-line, já que infelizimente, não tive o prazer de ter uma conversa cara-a-cara, me apercebi das dúvidas que podemos criar aos jogadores.
O modelo de jogo é a referência do jogadore. Com base nele, estes se organizam e se dispoêm em campo, praticando o tipo de futebol que vêm treinando.
Quando num jogo e por imposição da estratégia se pretende jogar de outra forma que não está subjacente no nosso modelo de jogo o jogador entra na dúvida. Eu acredito que, se o jogador for consciente do que se está a passar entrará na dúvida. Aliás, creio que esta dúvida também possuí o treinador.
No livro falavam nos tipos de dúvida sendo uma a possibilidade de arriscar e falhar.
Esta possibilidade poderá muito bem acontecer num jogo pois se a equipa treina de uma forma A, não pode jogar de uma forma B. Este é o erro em que cai o senso comum quando pede à sua equipa que faça algo que não está preparada.
Quando isto acontece o jogador não se sentirá comodo pois o tipo de jogo é algo que desconhece, idem para o posicionamento em campo e todo mais.
Naturalmente com toda este incomodidade e se houver tempo suficiente para que as percepções brotem, o jogador será bombardeado com emoções que o levarão a errar, e errar a diversos níveis.
As consequências em termos de resultado poderão ser trágicas.
Por isso, quando pedimos algo à nossa equipa, deveremos saber como se sentirão os jogadres nessa situação, quais as vivências em relação à mesma e quais as respostas que poderão tomar.
De uma forma consciente isto passa-se assim.
Para o senso-comum reduz-se ao: Quem não arrisca não petisca.

Abraços,
GRG

5 Comments:

  • At 1:59 da manhã, Blogger José Salvador Soares said…

    Olá Gonçalo e parabéns pela coragem de manteres um espaço como este que pretende discutir temas que de outra maneira se fecham nos meandros académicos.

    De todas as formas vou comentar este teu post com os "olhos de treinador" que para além de ensinar a jogar (perspectiva do prof) também tem que ensinar a ganhar (esta diferença de perspectivas é muito bem fundamentada em alguns trabalhos publicados p.ex. por Amandio Graça (com o "seu" Modelo de Ensino de Jogos para a Compreensão (Teaching Games for Understanding – TGfU), Sergio Ibañez (com os seus trabalhos sobre os Perfis dos Treinadores) ou mesmo, perdoa-me a imodestia, por mim num trabalho apresentado em Léon. 2006, no Simposio Internacional de Treinadores de Andebol da AEBM)

    1 - A questão da necessidade de modificação do modelo de jogo precisa de ser clarificada. Um modelo de jogo, na minha perspectiva, resulta num esquema táctico "base" (se assim se pode dizer)e num relativamente alargado numero de variáveis tácticas suportadas no conhecimento que temos do nosso grupo e na forma como os jogadores dominam os principios do jogo.

    2 - É por aí que temos que começar a trabalhar, por garantir que os nossos jogadores dominem os princípios do jogo que praticam. E olha que se estiveres com atenção verificas que, mesmo ao mais alto nível, as surpresas neste aspecto são imensas.

    3 - Depois então "modelar" o nosso jogo para os jogadores que temos. Ou então arranjar um milionário russo que compre jogadores para o nosso modelo.

    4 - Treinar o modelo e as variáveis do mesmo até à "exaustão". "TREINAR É REPETIR" é uma máxima perfeitamente actualizada e quando me vêm dizer que determinado treinador nunca repetiu um exercício ou mesmo um treino eu começo logo a torcer o nariz.

    5 - Quando já se domina do modelo pretendido e as variáveis, libertar-se o jogador para dentro do esquema poder "resolver à sua maneira".

    6 - Vai continuar a haver dúvidas, dir-me-ás tu! Claro, respondo eu, e ainda bem pois é por existirem dúvidas que o jogo avança, evolue. Se tu as tens (quando escolhes um modelo, quando escolhes um onze ou quando fazes uma substituição) e decides os jogadores têm que ter capacidade para resolver as suas dentro de campo. E isso Treina-se

    7 - Por ultimo, lembro o mais importante. Os princípios, o modelo, a táctica e tudo o resto estão subordinados ao objectivo do jogo - Fazer golo, cesto, ensaio, etc. e é por aqui que devemos iniciar o ensino da modalidade (seja ela qual for).

    Mas isto já é outra conversa!!!!!

     
  • At 10:23 da manhã, Blogger José Salvador Soares said…

    Talvez por já ser tarde, e eu já estar meio a dormir,o meu comentário saiu com algumas imprecisões de pontuação que dificultam a sua leitura. Aqui, tal como no jogo, a dúvida pressupõe uma "re-análise", mas nunca nos pode impedir de agir. Se não resultou, ou tem imprecisões como é o caso, corrige-se.

    Cá vai o comentário corrigido:

    Olá Gonçalo e parabéns pela coragem de manteres um espaço como este que pretende discutir temas que, de outra maneira, se fecham nos meandros académicos.

    De todas as formas vou comentar este teu post com os "olhos do treinador" que, para além de ensinar a jogar (perspectiva do prof), também tem que ensinar a ganhar (esta diferença de perspectivas é muito bem fundamentada em alguns trabalhos publicados p.ex. por Amândio Graça,com o "seu" Modelo de Ensino de Jogos para a Compreensão (Teaching Games for Understanding – TGfU), Sergio Ibañez, com os seus trabalhos sobre os Perfis dos Treinadores, ou mesmo, perdoa-me a imodestia, por mim num trabalho apresentado em Léon. 2006, no Simpósio Internacional de Treinadores de Andebol da AEBM)

    1 - A questão da necessidade de modificação do modelo de jogo precisa de ser clarificada!
    Um modelo de jogo, na minha perspectiva, resulta num esquema táctico "base" (se assim se pode dizer)e num, relativamente alargado , numero de variáveis tácticas suportadas no conhecimento que temos do nosso grupo e na forma como os jogadores dominam os princípios do jogo.

    2 - É por aí que temos que começar a trabalhar!
    Por garantir que os nossos jogadores dominam os princípios do jogo que praticam. E olha que se estiveres com atenção verificas que, mesmo ao mais alto nível, as surpresas neste aspecto são imensas.

    3 - Depois então "modelar" o nosso jogo para os jogadores que temos. Ou então arranjar um milionário russo que compre jogadores para o nosso modelo.

    4 - Treinar o modelo, e as variáveis do mesmo, até à "exaustão".
    "TREINAR É REPETIR" é uma máxima perfeitamente actualizada e quando me vêm dizer que determinado treinador nunca repetiu um exercício ou mesmo um treino eu começo logo a torcer o nariz.

    5 - Quando já se domina do modelo pretendido, e as variáveis, libertar-se o jogador para, dentro do esquema, poder "resolver à sua maneira".

    6 - Vai continuar a haver dúvidas! Dir-me-ás tu.
    Claro!
    Respondo eu.
    E ainda bem, pois é por existirem dúvidas que o jogo avança, evolue. Se tu as tens (quando escolhes um modelo, quando escolhes um onze ou quando fazes uma substituição) e decides, os jogadores têm que ter capacidade para resolver as suas dentro de campo.
    E isso treina-se!

    7 - Por ultimo, lembro o mais importante.
    Os princípios, o modelo, a táctica e tudo o resto estão subordinados ao objectivo do jogo - Fazer golo, cesto, ensaio, etc.!!!
    E é por aqui que devemos iniciar o ensino da modalidade (seja ela qual for).

    Mas isto já é outra conversa!!!!!











    7 - Por ultimo, lembro o mais importante. Os princípios, o modelo, a táctica e tudo o resto estão subordinados ao objectivo do jogo - Fazer golo, cesto, ensaio, etc. e é por aqui que devemos iniciar o ensino da modalidade (seja ela qual for).

    Mas isto já é outra conversa!!!!!

     
  • At 3:29 da tarde, Blogger Gonçalo Ramos Garcia said…

    É com muitas felicidades que leio este comentário de alguém que foi meu Professor.
    Antes de mais quero dizer, e penso que o Hugo Folgado estará de acordo, que um dos propósitos do blog é discutir temas sem ter em conta graus académicos nem status sociais.

    Começo por referir uma correcção em relação ao meu post: onde escrevi dúvidas seriam problemas, ou seja, o autor que referi fala de problemas. Não será bem a mesma coisa mas, poderão levar-nos a ter dúvidas sobre algo.

    O que escrevi terá que ver com com tudo o que escreveu, mas começarei pelo 2º ponto. Realmente em rendimento superior há imensas surpresa e, concerteza mais haverão em futebol base. Por isso fico perplexo com as mudanças que os treinadores fazes em campo. Por vezes, vemos, que num sistema os jogadores não se desenvolvem bem e, passados alguns minutos já estão a "levar" com outro. NÃO SEI COMO ISTO AINDA PODE ACONTECER!!!
    Dái que concorde com o que escreve no 5º ponto. Primeiro há que dominar uma coisa e quando já se domina há que partir para algo que não se domina. Tem que acabar o fanatismo de esmifrar o exercício até à perfeição, pois o fanatismo não nos leva a lado nenhum.

    Para terminar subrlinho o que escreve sobre estar tudo está subordinado ao objectivo do jogo - o ponto - mas, haverá que notar que as modalidades são distintas e por vezes esse acontecimento aparece duas ou três vezes num jogo, como pode ser o caso do futebol ou do rugby. O que aparece mais são mudanças de fases e este é, a meu ver, um ponto de ênfase.

    Esperando que a conversa que deixou para depois seja tema de futuras trocas de ideias., me despeço

    Abraço,
    GRG

     
  • At 2:54 da manhã, Blogger Hugo Alexandre Folgado said…

    Meus amigos

    Muito boa noite e imensas desculpas pelo atraso no meu comentário a este post (e participação no blog, em geral...). Vou tentar modificar e melhorar este particular.

    Falando do tema, vou tentar passar aqui a minha opinião, muito particular e dentro de um paradigma que me parece cada vez mais actual e que também já foi alvo de algumas trocas de ideias no blog - A teoria dos sistemas dinâmicos.

    Concordo em absoluto que não se pode pedir uma coisa, para 5 minutos depois pedir outra. Por muito que queiramos, os nossos atletas não são "computadores" perfeitamente adaptáveis que programamos para um qualquer cenário.
    No entanto há uma questão que julgo fundamental para esta problemática e que se prende com o nosso modelo de jogo e com aquilo que é o nosso treino para esse mesmo modelo. Passo a explicar:

    - Um modelo de jogo é algo que, na minha opinião, não pode nunca estar fechado! As equipas evoluem, surgem novos jogadores, novos desafios e é necessário ter a possibilidade permanente de poder evoluir o nosso modelo para algo mais do que definimos inicialmente.
    O mesmo acontece nos jogos... Por vezes, e por diversas razões (adversário, disposição da nossa equipa, lesões...) a nossa equipa não está a jogar o jogo que nós prevemos e trabalhámos! E a questão que o Gonçalo levantou, e muito bem, foi "o que fazer"? - Pedir algo novo ou manter o que não está a resultar?

    Na minha opinião, todas estas questões são treináveis... E sendo treináveis quando existem alterações elas nunca serão inteiramente novidade. Um exemplo prático pelo qual eu já passei:
    - Temos uma equipa que joga sempre em posse de bola e realiza um ataque organizado em mais de 70% do jogo. No entanto vamos fazer um jogo em que a outra equipa, pela sua qualidade de jogo e de jogadores, consegue fazer mais posse de bola que nós... Ora se o treino que a nossa equipa tem, e as estratégias que usa para manter a posse de bola forem algo de mecânico (leia-se fechado e pouco variável), é natural que esta alteração ao jogo não tenha uma resposta positiva e que toda a nossa estratégia caia por terra. Por outro lado se temos jogadores com um tipo de treino que potencie a variabilidade de respostas e um jogo que potencie situações abertas, ainda que dentro de uma matriz (o tal modelo) definida e normalizada, vamos ver uma adaptação aos constrangimentos enorme, sem perdemos a nossa identidade de jogo!!

    Nos sistemas dinâmicos isto prende-se com a variabilidade que o nosso sistema tem. Um sistema tende para uma estabilidade natural, e se queremos que ele evolua temos que provocar alterações nesse sistema, que o façam procurar novas respostas, aumentando a sua variabilidade. O problema aqui prende-se com as alterações que podemos e devemos promover - se forem exageradas, o sistema desorganiza-se e dá lugar ao caos; se forem reduzidas não há evolução!

    No fundo esta questão resume-se no título que o Gonçalo deu a este post... Quem não arrisca não petisca, e quem não introduzir variabilidade nas suas equipas, dentro dos seus limites evolutivos, estagna!

    Sinceramente sou cada vez mais contra mecanização. E julgo que os problemas de que o Gonçalo fala são a melhor estratégia para a evolução das nossas equipas.
    Por isso mesmo não concordo tanto com o Prof. Soares quando diz que tem que existir uma base e um número alargado de variáveis tácticas que definam o nosso sistema... Tem que existir sim, na minha opinião, um grande conhecimento do jogo, baseado no domínio dos princípios de jogo (fundamental), e uma alargada experiência em vários sistemas e modelos (mais uma vez a variabilidade), que nos vai permitir ter jogadores mais inteligentes e capazes de se adaptarem a todas as exigências do futebol moderno.

    É que se o jogo tem evoluido nos últimos anos na organização e na modelação (modelos fechados), na minha opinião, o próximo passo na evolução do jogo vai ser dado na adaptabilidade e liberdade, dentro de um modelo aberto, que vamos ter que dar aos nossos jogadores...

    De que me vale ter um treinador a gritar do banco "cruza, cruza", se o jogador remata e faz golo?.. Quem decide no jogo são os jogadores (com o nosso apoio, ao nível da interpretação do mesmo, claro), e nós, mais do que dizer como fazer, temos que explicar o porque do fazer!

    Tudo isto pode parecer algo desajustado do treino, longe do prático, muito teórico e difícil de transpor para o terreno, mas nada mais é que uma questão de olharmos para as coisas com outros olhos!

    Obrigado ao Prof. Soares por ter contribuido com a sua experiência para este espaço. Aqui esperamos encontrá-lo mais vezes - Seja sempre bem-vindo!

    Por mim, fico à espera de respostas a esta minha opinião e maneira muito própria de olhar para estes problemas.

    Um abraço

    HAF

     
  • At 12:39 da manhã, Blogger José Salvador Soares said…

    Hugo:
    Estamos a falar exactamente da mesma coisa. Embora com outra terminologia.

    Aliás as questões da uniformização da terminologia é um tema de debate que me agrada bastante e que espero puxem á liça um dia destes.

    Saúde

     

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